quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Um ano de alfabeto.

Escrever sem inspiração não é lá uma coisa que eu goste de fazer. Sempre escrevo quando o termômetro da minha emoção está alto. Sou muito influenciado pelas minhas leituras de Rubem Alves e gosto dessa coisas de falar de ciência e poesia de um jeito simples, no dia a dia. Fotografo na minha caixinha de recordações, as capturas mais docentes do dia. Viver é uma aula que só acaba com a morte (?). É aprender que respirar exige um inspirar. Ambos no seu tempo. A manutenção da vida é a negação constante dela.

É sobre negar-se que me assumo. Num texto, as minhas mais particulares divagações. Inflo a alma de sonhos que não tem hora pra acabar. Sou um notívago fanático por ciência, fissurado na ideia do bem e da sofisticação intelectual de fazê-lo. Mas, é como eu falei, essa sofisticação que é o ato de fazer bem, pode ser facilmente encontrado na casa de um sertanejo humilde, devoto dos santos que desde pequeno conhece, que acredita num Deus acalentador, que traz chuva no meio do ano, fazendo seus olhos marejarem de esperança. Tal sofisticação, só é encontrada no mundo conceitual, das palavras e seus definições aurelística. O gesto extrapola esse senso da ideias. Um aperto de mão, conceituado pelo pensamento Weberiano, tem sua definição na sociologia. É estudado nos campos de pesquisa das ciências da sociedade, mas, o que vale o mesmo aperto de mão de um amigo ou parente querido que não vemos há anos?

Estranho o fato de eu, como um escrevedor, falar do gestos. Sou habituado ao palavrear. Pois é, mas palavreio tudo que sinto e a mim, roubando um verso de quintana, não sobra uma vírgula que não seja confissão.

Segunda-feira, fui comprar roupas, pois estava cansado das mesmas e do-nada aquela vontade da-nada de ligar pra minha mãe. Queria conversar com ela sobre o que tinha comprado e perguntar se eu ainda podia comprar um tênnis que havia visto numa loja. Por sorte, estava perto de mim e logo a encontrei numa praça vizinha àquela onde eu tava. Ela estava trabalhando feliz, com suas amigas, fazendo o que lhe dava prazer, independente da sua vocação, que não nos importa falar agora. Tal cena me enterneceu...

Gosto de lembrar minha mãe como uma sertaneja que alfabetizava crianças na pequena cidade onde morava, que conheceu seu então futuro marido na cidade onde seus irmãos estudavam e que ficou por lá mesmo. Teve dois filhos. Uma menina que nasceu no meio de 1984 e um menino que nasceu no meio de 1992, que é o feitor desse texto. Minhas mãe com seu ensino médio incompleto, conseguiu emanar um aprendizado que eu, sujeito discente de uma universidade estadual, ainda não compreendo direito. Como diria Leminski "Só sinto, sucinto".

Hoje faz um ano que escrevo por aqui e não quero parar mais. Quero um dia ser metade do inteiro que é a minha família de sertanejos, ensinadores do amor que não se vende...

Emocionado, vos mando um abraço. (e um abraço pra sua família também)




2 comentários:

  1. Eu acho que Rubinho aplaudiria esse teu palavreado bacaninha que só! Eu acho tens, tu, uma intimidade com as letras que me surpreende a cada dia. Eu acho que esse um ano se multiplicará por um bocado de anos, amém!
    Esse jeito de se derramar de amores pela mãe sertaneja, ensinadora das letras, é tão lindo, tão lindo!
    Um beijo!

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  2. ...e todo o alfabeto está hoje realizado na essência do número um.
    Parabéns.
    Abraços.

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