domingo, 20 de outubro de 2013

Tadinho

Teobaldo, que se incomodava com seu nome estranho de batismo,
era chama de Tadinho

Não sei se pela inicial ou pela condição adjetiva que esse diminutivo dá

Sei que Tadinho era pensador
Pensava muito, aprendeu a sonhar e visar futuro

Conversava consigo e dava mais atenção a si do que ao outros

Tadinho sonhou ser jogador de futebol, mas fracassou. Tinha fobia das pessoas lhe olhando quando estava com a bola nos pés. Paralisava-se!

Numa partida dessas, de futebol (na verdade era futsal), caiu de boca na quadra de chão duro. Quebrou um dente.

Não o restaurou com as resinas que a odontologia nos proporciona por desleixo e falta de dinheiro.
Só o fez quase 7 anos depois quando já adolescente e encarava uma  depressão, que lhe extraíra o ânimo, a vaidade. O choque de saber que sua aparência não era apetecível à mídia convencional e ditatorial, o fez um menino só. Exclusivo para algumas pessoas, mas só.

Seus relacionamentos fracassavam. Platonismos de primeira categoria, se viu gostar de uma menina que frequentava a mesma igreja que ele. Tadinho, nessa época, era um menino com forte crença em Deus, elegantemente beato de suas convicções baseadas no empirismo e na lógica bíblica de dizer o amor. Fundamentou sua poesia por lá.

Ah é, esqueci de avisar. No meio disso tudo. Nosso Teobaldo se enamorava com a música, sendo seu primeiro instrumento, o violão, logo depois o contra-baixo. Pois, o contra-baixo é um instrumento tímido, mas se tocado bem, pode fazer tudo que uma guitarra faz, e sem necessitar de um violão. Teobaldo e o contra-baixo strinberg de 6 cordas - doado pela igreja. Tímidos, mas insubstituíveis.

No enlace do tempo, este próprio pregou peça e sua Mariana foi pr'outros braços se enamorar. Nosso poeta tocador, de sentimentos ridículos, não aceitava, corria atrás, queria consolo da mulher amada, perdão, carinho. Conseguiu ser chamado de louco pela primeira vez.

Tadinho!

Sua segunda dor, a do abandono. E não foi só dela, mas dele mesmo, que já não se acreditava. A música, fiel companheira, a salvou. Alguns meses, quase um ano, ele voltou a rir, e a calmaria se instalou no seu lar.

Alguns anos depois conheceu Marly.

Estava cheio de planos, sonhos, metas, carinho interior a ser emanado, amor. Era uma das fases mais felizes da sua vida e ela, com seu olhar ciano, fez ele se apaixonar pela segunda vez. Que bonito!

Tantas declarações. Teozinho, digo... tadinho dedicou seus inúmeros poemas a ela, que suspirava a cada um lido, mas o laço desatou, e o tempo separou-os. Marly estava com outro na mesma escola que ele(s) estudava(m). Um moço que há tempos perturbava a cabeça do Tadinho. A solidão lhe convidou pra dar uma volta e foi na madrugada que ele ligou, sem poesia, mas com coração ferido, indagando um vão 'por que?'

Conseguiu ser chamado de louco pela segunda vez.

No nosso mundo, o moderno, ninguém gosta da prisão, do sufoco, mesmo que o sujeito que a sufoque seja o cara mais a ame na vida. Aconteceu que o Tadinho - tadinho -, ficou engendrado na espera de uma resposta que nunca iria acontecer. Chorou! Mas, escreveu...

Tadinho escreve e tá escrito nessa história.

Porque Ana's Marias, Marly's, Bruna, Carlas, Claudias virão, passarão...

E ele passarinho

(igual pregou seu segundo pai, o Quintana)

2 comentários:

  1. Teobaldo, Tadinho, verá passar por ele esse tanto delas listado e mais um bocado. Teobaldo, tadinho? Não. Há quem seja ruim na arte de receber amor. Teobaldo não tem que se culpar por isso... Teobaldo tem sim, que amar, mas não doer.

    Um beijo, menino poeta.

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  2. Eu sempre me emociono com seus comentários, Mi. Este, ontem, me fez chorar. E mamãe tava aqui do meu lado, me acalentando.

    Obrigado pelo seu carinho e companhia, principalmente nesses dias, os ruins e tribulados.

    <3

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