terça-feira, 2 de julho de 2013

Matureza 2

Eloanne, minha sobrinha, tem chorado muito. Seus primeiros dentes nascem, gerando sua falta de ânimo no últimos dias. Venho acompanhado preocupado esses dias sem muita reinação e mais "choração". A quebra da rotina pra quem é sujeito ativo não dói. O passivo, por não participar do processo de mudança, sente as dores de uma chaga, na qual não conhece a razão de ser. Eu não estimulo a mudança da minha sobrinha. Ela sofre por sofrer. Sofro junto por não saber o por quê. E por não saber lidar...

Outro dia, acordei com seu choro. Escandalizava um "mâma", em voz desgastada de tanto chorar, ao ver minha mãe (sua vó), saindo de casa a trabalhar. Seu choro me perturbou e eu acordei. Eloanne chorava pelo 'nunca mais'. No seu raciocínio de criança, não imaginava um retorno da "mâma" querida, transformou sua ideia de 'nunca mais' e chorou copiosamente, feito chuva de verão. Água quente, salgada feito mar de saudade. Participante passiva do mundo que lhe acontece, minha sobrinha sofre por não saber, pois quem não sabe sofre. Saudade é não saber quando o sujeito amado volta, ou se volta. Daqui a uns tempos, aquela amada criança saberá discernir sobre o 'nunca mais' e, sabendo, sua razão a tornará ativa do processo. Não chorará mais.

Mas, como não vivemos no paraíso premeditado pelos irmão adventistas, aqui, somos um processo, do primeiro respiro ao último suspiro. O processo de maturidade não cessa. Se não cessa, é constante. Se é constante e seu fim é indeterminado, nunca amadurecemos por completo. Não nesta vida. Eis o meu devaneio Kardecista...

Imagino um verso pra saudade. Meu coração, oxigenado por lembranças alicerçantes, sofre a falta de um mundo que eu nunca vi, mas que tá sempre aqui, no meu mundo interior. Questiono minha inquietude, mas lembro que não serei todo o conteúdo, pelo fato de eu ser uma vírgula quando a vida der seu ponto final.

Vou plantando honestidade nessa vida, sendo ativo nesse processo. Aos 21, me vejo conhecendo cada vez mais e sabendo cada vez menos, mas isso é vida que me impulsa, por não cessar, por ser constante, por ser sempre a busca do apogeu. Da maturidade que não se dará. Não nesta vida....

Nos olhos, um choro que vez em quando vem, da saudade adulta que é bem criança. O amanhã é um 'nunca mais'...

Ítallo França


4 comentários:

  1. "O que se vê, antes não era. O que era, não é mais"... Não sei ao certo de quem é essa frase, mas ela me acompanha e eu gosto dela há tempos.

    O amanhã é um nunca mais que se irá viver e colher os frutos da plantação de honestidade de cada um. Que cada um seja imperfeitamente bom,assim feito tu.

    Um beijo na Eloanne, que também é Victória.

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  2. Lindo texto e uma linda menininha.

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  3. Que friagem nenhuma seja capaz
    de encabular o nosso calor mais bonito
    Que, mesmo quando estivermos doendo,
    não percamos de vista
    nem de sonho
    a ideia da alegria
    (não sei quem escreveu)


    Sei que me emocionei com teu texto. Sei que é preciso viver um dia de cada vez.


    [contém 2 beijos ]

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  4. Obrigado pelos comentários lindos e lidos, lindas.

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