Um dia, no meio de uma semana ociosa, preenchida pela monotonia de um rotina diária de estudos. Antigo ginasial. Toda aquela série de combinações, fatídicas ou não, que fizeram o mundo até aquele momento. Estava no ano de 2006, cursando a, saudosa, 8° série.
Este ano, decerto, foi o que mais ouvi Charlie Brown. Pelos mesmos meandros, me dediquei ao estudo de música, mas, como sempre fui preguiçoso, ouvia muito mais do que tocava e não era assíduo no conhecimento violinístico tanto quanto eu era com o que acontecia nos bastidores do Rock. Hoje, devo muito da minha educação como músico, à tardes inteiras ouvindo a banda Santista. Enfatizo sem medo de julgamentos. Quem me conheceu, nessa época, sabe. Eu era muito fã daquela galera. Até hoje, meu e-mail (kuikBROWNrk@hotmail.com), que fiz em 2007, carregava a importância que a banda tinha, naquele momento. Um adolescente fissurado no Rock/Reggae/HipHop que arregaçava as caixas de um mini system suspenso num hack, encontrado na sala.
Falando nisso, já retomo o início.
Um dia, no meio de uma semana ociosa, preenchida pela monotonia de um rotina diária de estudos. Antigo ginasial. Toda aquela série de combinações, fatídicas ou não, que fizeram o mundo até aquele momento. Estava no ano de 2006, cursando a, saudosa, 8° série.
Para um fã do Charlie Brown, que tinha seu CD mais novo (na época, o Imunidade Musical), era muito importante ouvi-lo e aqui, na minha casa, não tínhamos o bendito aparelho de som. Tínhamos um, que, rapidamente meu pai vendeu alegando que minha irmã ouvia muito alto e que atrapalhava-a nos afazeres de casa. Enfim, o resultado é que eu ouvia aquele meu amado CD na casa de um amigo enquanto torturava meu pai para que comprasse um. Eis que chega o grande dia. (Volte ao início do texto)
Em meio ao caos, tornou-se cais, aquela música nervosa e suave. Nervosa como um homem amargurado, vestindo um corpo calejado, com verdades pra contar. Suave como uma pena, apenas. Apenas um poeta. O poeta que penava viver nesse absurdo.
Um manifesto anímico de que se faz arte boa pra uma maioria, no Brasil
O tempo não para, e nesse movimento irremediável, eu cresci. Com gente indo, vindo, voltando, chegando, coisa demais aconteceu. Alicercei postura sobre as coisas. Minhas dúvidas e medos. E, com o tempo, o Chorão e sua turma, já não me eram essenciais. Nunca deixei de ouvi-los. Nem deixarei.
Chorão faleceu, pela manhã, num apartamento cheio de bebidas alcoólicas e outras drogas. Estava machucado física e mentalmente. Morreu sozinho, abreviou-se, amargurado como o nervosismo de tal convulsão sonora, mas suave com uma pena, apenas. O vento levou a leveza da pena ao céu, em encontro com o pai. Uma alma una que preenchia muito mais do que os milhares de fãs enlutados.
Fiquei curioso em saber qual será a cor da parede da casa de Deus depois que o Chorão entrou nela.
Metáforas à parte, na vida de carne e osso, ele falou muito. Escreveu como gente chique.
Obrigado, Chorão.
Obrigado, Chorão.
Talento nato! Parabéns pelo texto!
ResponderExcluirMuito obrigado, Cristiano. Fico muito feliz :)
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