quarta-feira, 6 de março de 2013

Tudo pro alto.



Um dia, no meio de uma semana ociosa, preenchida pela monotonia de um rotina diária de estudos. Antigo ginasial. Toda aquela série de combinações, fatídicas ou não, que fizeram o mundo até aquele momento. Estava no ano de 2006, cursando a, saudosa, 8° série. 

Este ano, decerto, foi o que mais ouvi Charlie Brown. Pelos mesmos meandros, me dediquei ao estudo de música, mas, como sempre fui preguiçoso, ouvia muito mais do que tocava e não era assíduo no conhecimento violinístico tanto quanto eu era com o que acontecia nos bastidores do Rock. Hoje, devo muito da minha educação como músico, à tardes inteiras ouvindo a banda Santista. Enfatizo sem medo de julgamentos. Quem me conheceu, nessa época, sabe. Eu era muito fã daquela galera. Até hoje, meu e-mail (kuikBROWNrk@hotmail.com), que fiz em 2007, carregava a importância que a banda tinha, naquele momento. Um adolescente fissurado no Rock/Reggae/HipHop que arregaçava as caixas de um mini system suspenso num hack, encontrado na sala.

Falando nisso, já retomo o início. 

Um dia, no meio de uma semana ociosa, preenchida pela monotonia de um rotina diária de estudos. Antigo ginasial. Toda aquela série de combinações, fatídicas ou não, que fizeram o mundo até aquele momento. Estava no ano de 2006, cursando a, saudosa, 8° série. 

Para um fã do Charlie Brown, que tinha seu CD mais novo (na época, o Imunidade Musical), era muito importante ouvi-lo e aqui, na minha casa, não tínhamos o bendito aparelho de som. Tínhamos um, que, rapidamente meu pai vendeu alegando que minha irmã ouvia muito alto e que atrapalhava-a nos afazeres de casa. Enfim, o resultado é que eu ouvia aquele meu amado CD na casa de um amigo enquanto torturava meu pai para que comprasse um. Eis que chega o grande dia. (Volte ao início do texto)

Em meio ao caos, tornou-se cais, aquela música nervosa e suave. Nervosa como um homem amargurado, vestindo um corpo calejado, com verdades pra contar. Suave como uma pena, apenas. Apenas um poeta. O poeta que penava viver nesse absurdo. 

Um manifesto anímico de que se faz arte boa pra uma maioria, no Brasil

O tempo não para, e nesse movimento irremediável, eu cresci. Com gente indo, vindo, voltando, chegando, coisa demais aconteceu. Alicercei postura sobre as coisas. Minhas dúvidas e medos. E, com o tempo, o Chorão e sua turma, já não me eram essenciais. Nunca deixei de ouvi-los. Nem deixarei. 

Chorão faleceu, pela manhã, num apartamento cheio de bebidas alcoólicas e outras drogas. Estava machucado física e mentalmente. Morreu sozinho, abreviou-se, amargurado como o nervosismo de tal convulsão sonora, mas suave com uma pena, apenas. O vento levou a leveza da pena ao céu, em encontro com o pai. Uma alma una que preenchia muito mais do que os milhares de fãs enlutados. 

Fiquei curioso em saber qual será a cor da parede da casa de Deus depois que o Chorão entrou nela. 

Metáforas à parte, na vida de carne e osso, ele falou muito. Escreveu como gente chique.

Obrigado, Chorão.









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