quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Poesia do lar.

Minha intenção, hoje, não é escrever rima. Não a concreta, harmonizada em palavras. Mas, a que não se pode escrever. A que se faz no ato. No instante. A vida que vale a pena ser vivida. Entendo que você, talvez, não esteja entendendo muita coisa. Eu sei, às vezes é difícil, até pra mim, interpretar coisas que sinto. Ando meio plugado. Achando raridades em todo lugar.

Poeticamente, o coração é o mentor da emoção, mas, vamos ser lúcidos: Tudo ocorre no cérebro mesmo. Esse meu cérebro, articula, filtra, guarda, esquece, esquece e guarda, guarda e esquece, enfim; tudo que vivi e vivo tá na "cachola".  Confesso que não entendo porque o meu cérebro - agora apelidado de coração - consegue ser suscetível a algumas coisas como: Sentir o coração cortado quando minha sobrinha chora, ser abraçado por palavras. (Tipo, abraço mesmo.) Daqueles de quebrar o ossos. Mas peraê! Não há ossos e tatilidade entre duas pessoas quando estão divagando num computador, via internet. Meu cérebro sente e passa as informações pro meu corpo. Boa notícias! Minha alma emana um carinho já emanado, por outra pessoa. Essa pessoa? Minha namorada. Meu coração...(ops... cérebro) se enche de amor. O mundo virtual é regido por uma aura de ilusão viciante. Como sou viciado no amor, vicio-me na internet. Desculpa esfarrapada.

Mas eu sou animal! Não posso - ou não devo - sentir tais coisas pelo simples fato de elas não acontecerem! Veja: se minha sobrinha chora, obviamente quem tá sofrendo é ela. Não eu. Eu apeno assisto a ''carinha vermelhinha'', suada, cheia de lágrimas daquela criança. Observo sua cabeça com os poucos cabelos, cacheados. Mas nada daquilo me fere. A ciência me oferece isso. A poesia não. Há séculos atrás, o poeta já dizia que ''O amor é o olho que não vê". Olho que não vê é cego. O amor é cego, portanto. Trato isso como absurdo, pois a ciência não me fala sobre isso.

Houve também um tal de Renato Russo que ousou em dizer, outra vez: "Sou um animal sentimental", em Sereníssima.

Encontrei a saída. Sou sentimental. E, nisso, a religião da ciência me abençoa.

Ao sair de casa, hoje à noite, um detalhe me cativou. Pouco depois de ver minha sobrinha chorando incessantemente, onde só parou os gemidos nos braços do vô (meu pai), o mesmo foi com ela até um terreno, em frente à minha casa, onde a menina, recém vinda ao mundo, olhou, perplexa e, um tanto quanto admirada, os cavalos que ficavam por ali. Meu pai, grisalho e de baixa estatura, segurando-a em silêncio, fitando aqueles animais, permaneceu ali por minutos. Momento suficiente pr' eu sentir tudo aquilo que mais busco na vida. Que ela valha a pena. Fotografei com meus olhos, uma cena mágica. Sai de casa um pouco mais feliz.

É bom ser além à biologia. A poética supera, mesmo, todo o entendimento.


2 comentários:

  1. Quando há sensibilidade, as palavras formam a poesia, independente de rimas. Foi o que encontrei em seu texto. A cena mágica que eternizou com o coração não o abandonará.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É verdade. Obrigado pelas palavras. Me emociono, de verdade. Venha sempre aqui. :)

      Excluir