Durante boa parte da minha adolescência, era abismado com o tal do amor. Queria ser e também vivê-lo. Via no relacionamento a dois, desde piá, uma possibilidade de partilha mútua e parceria vitalícia. Não sou interessado em repetecos de amor, todo instante. Constato o paradoxo de que conviver com muitos, na verdade, é conviver com ninguém. E que a intensidade cega e demasiada também é burra. Esses olhares apressados do mundo em 3D me deixa nauseado. Prefiro apreciar.
Me diga o valor positivo de uma frenesi pulsante de corpos - numa micareta - e te direi quem és.
Num relacionamento momentâneo (que nasceu pra ser momentâneo), os olhares são nervosos e os sensos são os mais próximos do primitivo. Aprendemos com o primitivo, como disse no último texto, mas não podemos sê-lo. Vez em quando me vejo um hominídio da idade dos metais quando me entrego fácil ao que meu corpo quer. O amor que perpassa pelo crivo da razão é, sempre, um amor mais são. Eis o amor de filósofo.
Dentro das minhas mazelas e crises existenciais, sempre fui muito dedicado a me conhecer. Hoje sou um pouco mais seguro, pois sei que, quanto mais me conheço, mais me desconheço. Sócrates nos ajuda nisso. Sou um infinito de possibilidades. (vide fenomenologia existencial). Várias variáveis, diria o senhor Maltz.
E sabendo que estou imerso nesse mar de subjetividade, me vejo sem certezas. Apenas alguns conceitos que uso como manual para viver melhor. Respeitando e tornando melhor a existência das pessoas contidas no meu aqui-agora. Amor é ser e fazer feliz. Jesus nos disse lá atrás, e parafraseio-o: "Amor/Amar é estar de bem com o espelho." É olhar-se sem repúdio, mas com ternura. E, assim, se tornar mais gente. Quem condena se condena. Quem perdoa se perdoa. E por aí vai...
O Amor Pop é esse que vemos nos comerciais todos os dias, nas literaturas pueris, disfarçado em frases ocas. Esquecem que o amor, apesar de simples, é algo sofisticado. Amor que está engendrado nas redes sociais de forma que agride os seres que pensam. Não obstante, respeito os seus adeptos. Muitos, assim como eu, não entendem nada de amor, mas são loucos para amar. Cada um amadurece quando chega a hora e, como são várias variáveis, esperemos.
Gessinger diria que cada um tem o seu espírito do tempo. O Russo cantaria "Temos nosso próprio tempo"...
Este sentimento comercial é o que temos na mesa, já servido. Está pra todos. Ao alcance dos ignorantes. Em muitos momentos pode ser chamado de ódio ou possessividade, mas facilmente levado "na boa". O de filósofo leva tempo e peleja. Sensibilidade e disposição. Paciência acima de de tudo. Com isso chegaremos e enxergaremos o mundo de longe. E tudo de longe é mais belo. A saudade que sinto não me deixa mentir. Valeu a pena viver.
Que suor e lágrima faça tempestade que, ao cair no chão do ''eu mesmo'', brote carinho e humildade com raízes fortes. Pegue as tuas ferramentas e mãos à obra!
Bacana a descrição do "Amor Pop". Tão cheio de cores e lágrimas artificiais. Tão dito e absurdamente pouco sentido. Males dos tempos modernos?
ResponderExcluirAcho que não.
Desconfio que você, caro filósofo, há de viver o amor da forma mais intensa e sublime que um vivente pode sentir. E nessa caminhada, arremedos de amores surgirão e pra serem ao menos doces lembranças.
Pra variar, bom demais!
Beijo!
Muito obrigado pelo comentário. Sempre pungente e carinhoso.
ResponderExcluirDe fato, o amor pop é de longa data. Um amigo meu, prof de história, um dia me disse: "A corrupção existe desde que o mundo é mundo."
Ora pois, falcatruaram o amor.
Arremedos de amor já surgiram na minha vida para serem doces lembranças, mas não desisti deles. Perdoar é um jeito bonito de amar. Amarei sempre...