terça-feira, 23 de julho de 2013

Arte de mim

Sou movido de palavras. Desde pequeno, apreciava rimas de uns poemas soltos nos livros didáticos das minhas irmã. Nunca imaginei tratá-la como ofício e nem trato. Apesar desse regime que circunda o mundo, mercador das artes e dos sentires, eu faço do lazer, o meu fardo, qual não canso. Descanso nas orações paridas do papel pálido, ou da caixa bloguística. Exulto. Parto do mundo pleno, faço planos, mas, geograficamente, não saio do lugar.

Dos meios da semana, saio com minha bicicleta, encontrando os versos pro meu próximo poema. Vivo todos eles. Subo e desço ladeira. Cansado, compreendo-as como os altos e baixos da vida que, por mais que sofrida, há destino valioso, quando feita de carinho. E lá,no destino, colho um carinho dos mais bonitos. Curso minha faculdade. Aprendo, desaprendo, me alegro, me revolto. Faço vida nesse instante que não aceita devoluções. Se não há ensaio, improviso. Algo que por deveras me fascina.

Morremos vírgula.

Além do vento que perfura meu alargador, me perfura o peito os meus irmão humanos, tão confusos. Meliantes que mais são vítimas de um mundo que tem obra prima suficiente pra semear amor. Me entristeço. Talvez o amor seja só um delírio dos poetas e das putas. O Papa veio e duvido muito que sua santidade abasteça a fome alastrante do Brasil. 6° maior potência econômica, no entanto, um protótipo de desigualdade social. Alguns padres definem o comunismo e os manifestantes de "diabólicos", outro, mais respeitosos, os tacham de ultrapassados, anacrônicos. A igreja é, historicamente, conservadora do sistema voltado para a burguesia. Tem poder pra mudar o mundo, mas o conserva na chaga. O Deus humano não é humanista, ouso dizer.

Hoje, se vai um poeta, cujo apelido é o primeiro dia da semana no diminutivo. Dominguinhos foi um emanador de amor. Por isso, digo sem medo que ele foi um poeta. Lembrou dos seus irmãos, os humanos, e passou uma mensagem positiva que perdurará enquanto o mundo for mundo. Nas ladeiras da vida, com ou sem bicicleta, sanfonou a vida pelo viés do seus olhos, vez em quando marejados, pelas intempéries da existência. Tornou-se poeta com o som dos acordes que acordavam com toda uma realidade sertaneja. Musicou a justiça. Fonte do amor. (delírio?)

A terça-feira está com cara de dominguinhos. O Brasil é católico. Eu...

...bom, eu pedalarei o que me resta da semana e orarei pelos que não tem poesia....

Inté outrora.






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